segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

a imagem fictícia do poema. do corpo.

1.
Uma linguagem de súbito imperceptível:
O desenho de uma palavra persegue o tecido frágil da pele.
Inaugura o momento cúmplice.
O corpo respira, atinge o silêncio,
Imóvel sob os dedos.

2.
O pensamento é um rio orgânico.
Uma língua cerebral onde as palavras
Abrem o caminho para o limiar da memória,
Para a longínqua claridade das formas.
Um fogo de vozes no centro do próprio corpo.

3.
O silêncio comunica com as imagens os sinais
Do corpo na pele de outras palavras.
Escrevo de fora do corpo
No deserto do fogo tão necessário
Ao destino das águas.
Uma luz interminável conduz a mente
Até à infecção do poema.

4.
Sob o fogo esta boca de luz vegetal.
A possibilidade da água reviver
O espaço inominável da sede.
Percorrer a superfície lenta do poema
Como se em cada palavra existisse
Uma substância viva
Uma pulsação real.

5.
Uma palavra amanhecendo dentro do peito.
As palavras que partem para o infinito
Descrevendo um movimento de luz.

6.
Como se fosse um fruto:
Abrir o rosto da manhã.
Fazer a divisão do pensamento.
A imagem fictícia do poema. Do corpo.

in poemas recuperados

Publicado por Fernando Esteves Pinto em Novembro 5, 2007 04:54 PM
Ver também em: http://escritaiberica.weblog.com.pt/arquivo/255870.html

Recolha de Sérgio Costa - EB 2.3 D. Afonso Henriques - Guimarães

Grupo corpo - Dança Contemporânea



Added: November 03, 2006
Category: Film & Animation
Tags: Grupo Corpo Parabelo

"Fundado em Belo Horizonte, em 1975, o Grupo Corpo é uma companhia de dança contemporânea, eminentemente brasileira nas suas criações. A sua carreira vem sendo marcada por sucessivas metamorfoses, mas sempre norteada por três preocupações: a definição de uma identidade, vinculada a uma ideia de cultura nacional (com toda a fluidez que isso implica); a continuidade do trabalho, pensado a longo prazo; e a integridade na sustentação de padrões autoimpostos de elaboração [...]".
"[...]A coreografia, Parabelo (1997) [o vídeo deste Blog], traz a marca do Nordeste. Mal se vê, a princípio, no lusco-fusco, os bailarinos. Os corpos se movem pesados, marcando tempo. Cinco enormes cabeças, no fundo preto do palco, sugerem mundos desconhecidos, sem serem 'desfamiliares' - regiões de religião fervorosa, lavoura difícil, estoicismo. As células musicais de Tom Zé e José Miguel Wisnik recriam a música do sertão baiano, universalizado neste Grande Sertão. O que vem da dança popular traz uma energia bruta para os movimentos. A dança se desafoga, junto com a música, e uma alegria incontida toma conta de tudo [...]".
Texto: Inês Bogéa
in: http://www.grupocorpo.com.br/pt/historico.php
Pesquisa de Sérgio Costa Silva (Escola EB 2.3 D. Afonso Henriques - Guimarães)

Outras informações sobre PARABELO - Trilha Sonora da Cia. de Dança Grupo Corpo, em:
http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/artistas.asp?Status=DISCO&Nu_Disco=4150

Um livro como sugestão

O Lugar do Corpo na Cultura Ocidental
Editor: Instituto Piaget
Na cultura ocidental o corpo ficou, durante muito tempo, «silencioso», mas não silenciado; foi sempre um meio de comunicação e sempre teve um papel de vector social, psicológico, cultural e religioso. Então, como dar conta das suas múltiplas facetas e como não o limitar a alguns temas demasiado redutores? Os autores desta obra optaram por uma apresentação cronológica, desde a Antiguidade até aos nossos dias. E temática, porque o homem foi sempre, em simultâneo, um corpo que pensa, um corpo pensado... O corpo pode ter uma outra história para além daquela que lhe é imposta pela história.

Sérgio Costa - Escola EB 2.3 D. Afonso Henriques - Guimarães